quinta-feira, 30 de junho de 2011

Joaninhas como guarda-costas

A vespa parasita Dinocampus coccinellae é conhecida por depositar os seus ovos no sistema circulatório das joaninhas, onde as larvas se alimentam dos tecidos da mesma antes de saírem pelo seu abdómen. Depois, o parasita em desenvolvimento produz um casulo entre as patas da joaninha, enquanto se encontra na forma de pupa.
Num estudo recente, publicado no Journal of the Royal Society Biology Letters, é explicado o porquê do parasite não matar a joaninha durante todo este processo. Quando os cientistas criaram um ecossistema artifical no laboratório, com joaninhas, parasitas, e outros insectos que se alimentam de pupas de vespa, verificaram que quando os casulos se encontravam entre as patas das joaninhas, apenas 35% das pupas eram mortas pelos predadores, comparando com os 85% registados quando os casulos se encontravam associados a joaninhas mortas. Na ausência de joaninhas, quase 100% das pupas morria.
Portanto, protegendo a descendência das vespas as joaninhas acabam por se proteger a elas próprias!

Fonte: Science/AAAS

quarta-feira, 29 de junho de 2011

O mito do extra-terrestre mal-intencionado

Devido ao contínuo desenvolvimento do Instituto de Pesquisa de Inteligência Extraterrestre (SETI), na Califórnia, é possível que mais tarde ou mais cedo seja encontrada Inteligência Extraterrestre. Devido à lei de Moore (proposta pelo co-fundador da Intel, Gordon E. Moore, que propõe a duplicação da capacidade dos computadores a cada um ou dois anos), essa situação torna-se cada vez mais provável. De acordo como o astrónomo e fundador do SETI, Frank Drake, as pesquisas actuais são 100 triliões de vezes mais eficientes do que há 50 anos, e não existe previsão para o fim dessas melhorias. Se existir um ET lá fora, será estabelecido contacto. O que acontecerá quando o fizermos? Como será a resposta deles?
Questões como essas, mesmo no âmbito da ficção científica, são cada vez mais seriamente consideradas pelo mais antigo e um dos mais prestigiados jornais científicos do mundo Philosophical Transactions of the Royal Society A que dedicou 17 artigos da edição de Fevereiro à “Detecção de Vida Extraterrestre e suas Consequências para a Ciência e Sociedade”. Por exemplo, várias teorias sugerem que a sociedade colapsará devido ao medo e/ou anarquia generalizada; ou que os cientistas e políticos se vão unir numa conspiração para ocultar a verdade.
De acordo com Stephen Hawking, não temos motivos para falar sobre isso. “Só precisamos de olhar para nós mesmos para ver como a vida inteligente se pode desenvolver e resultar em algo que não gostaríamos de encontrar”, referiu em documentários do Discovery Chanel. “Eu imaginava-os a viajar em naves robustas, depois de terem esgotado todos os recursos naturais de seus planetas de origem. Exra-terrestres tão avançados talvez pudessem-se ter tornado nómadas, tentando conquistar e colonizar qualquer planeta que encontrassem”. Considerando a história de confrontos entre civilizações terrestres, nas quais os mais avançados escravizavam ou destruíam os menos desenvolvidos, Hawking conclui: “Se os extra-terrestres nos visitarem um dia, eu acredito que o resultado seria muito parecido com o que aconteceu quando Cristovão Colombo chegou à América, o que não foi muito agradável para os nativos americanos”.
Na verdade, qualquer civilização capaz de empreender longas viagens espaciais terá que ter avançado muito para lá do colonialismo explorador e de fontes de energia não sustentáveis. Escravizar os nativos e apoderar-se dos seus recursos pode ser lucrativo a curto prazo para as civilizações terrestres, mas essa estratégia poderá não persistir nas dezenas de milhares de anos necessárias para as viagens espaciais interestelares.
Nesse contexto podemos entender que as civilizações extraterrestres nos pressionam a considerar a Natureza e o progresso da civilização terrestre, e nos dão a esperança de que se ou quando estabelecermos contacto, pelo menos uma inteligência terá conseguido atingir um nível no qual a incorporação de novas tecnologias substituiu o controlo e manipulação das pessoas e a exploração do espaço superou a conquista de terras.

Fonte: Scientific American

terça-feira, 28 de junho de 2011

Primeira imagem de cometa tirada pela missão Rosetta

A missão Rosetta da Agência Espacial Europeia, preparada para se tornar a primeira missão a observar de perto um cometa por um longo período de tempo, tirou as primeiras fotos do cometa Churyumov-Gerasimenko.

A uma distância de 163000000 km da nave, o cometa surge apenas como um ponto de luz esbatido, mas a imagem confirma que a câmara instalada se encontra operacional. A nave não tornará a captar uma segunda imagem desta relíquia da formação do sistema solar durante os próximos 31 meses, quando a nave movida a energia solar acordar do seu período de hibernação para conservação de energia que se iniciou no dia 8 de Junho. Em Novembro de 2014 está previsto que a nave liberte no núcleo gelado do cometa um pequeno dispositivo de captação de dados.

Fonte: Science News

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Fumar na gravidez aumenta o risco de ataque cardíaco dos filhos

Segundo um estudo Australiano, efectuado na Universidade de Sidney, fumar durante a gravidez aumenta em cerca de 20% o risco de ataques cardíacos dos filhos.
Foi observado que a exposição pré-natal ao fumo do tabaco diminui os níveis de HDL (conhecido como bom colesterol), que é fundamental na proteção contra os problemas cardiovasculares.
O estudo, publicado no European Heart Journal revela que os níveis de HDL de crianças com oito anos cujas mães fumaram durante a gravidez apresentam cerca de 1,3 mM HDL, sendo que o valor normal deveria ser cerca de 1,5 mM.
O autor do estudo, Professor David Celermajer, afirmou ter ficado espantado com os resultados. “A razão pela qual nós ficamos espantados foi porque observamos que, mesmo crianças que foram expostas ao fumo do tabaco da mãe, ou mesmo de outras pessoas, quando ainda se encontravam na barriga da mãe, apresentavam consequências dessa exposição vários anos depois.”
A prevalência ainda é elevada…
Fumar durante a após a gravidez está associado a vários problemas na infância, nomeadamente ao nível comportamental e neurocognitivo, bem como a casos de morte súbita.
Actualmente, a prevalência do acto de fumar durante a gravidez é de cerca de 15% nos países ocidentais.
Impacto a longo prazo…
Este estudo sugere que os valores de HDL reduzidos nessa idade pode ter implicações graves a longo prazo, uma vez que provavelmente esses valores vão continuar baixos durante o crescimento.
Celermajer afirma que o aumento do risco de problemas cardíacos está directamente relacionado com a diminuição dos níveis de HDL. “Neste estudo observamos uma redução de cerca de 20% na concentração de HDL, o que corresponde a um aumento de cerca de 20% no risco de complicações cardiovasculares no futuro.”
Afirma também que: “Uma vez que o relógio biológico não pode andar para trás, estas crianças têm que ser particularmente cautelosas na forma como vivem a sua vida, maximizando a sua saúde cardíaca, através de uma dieta saudável, exercício físico e não fumando.”

Fonte: ABC Science

Stress na cidade

Nascer e crescer numa área urbana está associado a um maior risco para o desenvolvimento de ansiedade e alterações de humor. Até agora, a biologia dessas associações não tinha sido descrita. Um estudo internacional, efectuado por Jens Pruessner, um investigador do Douglas Mental Health University Institute, foi o primeiro a demonstrar que duas egiões diferetes do cérebro que regulam a emoção e o stress são afectadas quando se vive numa cidade. Esta descoberta, publicada na revista Nature pode abrir a porta a novas estratégias que visem melhorar a qualidade de vida para os habitantes das cidades.
“Trabalhos anteriores tinham revelado que o risco para o aparecimento de desordens associadas à ansiedade é 21% mais elevado nas pessoas que habitam nas cidades, que também apresentam uma maior taxa (39%) de alterações de humor”, afirma Jens Pruessner. “Além disso, a incidência de esquizofrenia é cerca do dobro nos indivíduos que nasceram ou foram viver para as cidades. Esses valores são uma preocupação real e determinar a biologia por detrás dos mesmos é o primeiro passo para corrigir esta tendência”.
Diferentes estruturas cerebrais
Pruessner, juntamente com os seus colegas do Central Institute of Mental Health em Mannheium, debruçaram-se sobre a actividade do cérebro em voluntários saudáveis de áreas urbanas e rurais. Numa série de experiências de ressonâncias magnéticas funcionais, envolvendo o protocolo previamente desenvolvido Montreal Imaging Stress Task (MIST), observaram que viver na cidade estava associado com respostas de stress superiores na amígdala, uma região do cérebro envolvida na regulação emocional e do humor. Em contraste, mudança para um ambiente urbano estava associado com uma actividade do córtex cingulate, uma região envolvida na regulação do afecto negativo e do stress.
“Estas descobertas sugerem que diferentes regiões do cérebro são sensíveis à experiência de viver na cidade durante diferentes alturas durante a vida”, afirma Pruessner. “Estudos futuros são necessários para clarificar a ligação entre a psicopatologia e esses efeitos em indivíduos com desordens mentais. Estas descobertas contribuem para o conhecimento do risco ambiental urbano para doenças mentais e para a saúde em geral. Eles apontam para uma nova abordagem das ciências sociais de interface, neurociências e políticas públicas para responder ao maior desafio de saúde ligado à urbanização.

Fonte: E! Science News

Macho que é macho usa turquesa!

Espécie: Kosciuscola tristis
Habitat: regiões isoladas dos Alpes Australianos.
Há várias formas de arrefecermos, se estivermos com calor. Podemos transpirar. Podemos bombear mais sangue para as veias que se encontram sob a pele, de forma a libertar mais calor. Podemos procurar uma sombra, ou até beber uma bebida gelada. Ou seja, provavelmente ficarmos turquesa não é uma hipótese.
No entanto, é isso que o gafanhoto camaleão faz. Normalmente é preto, mas quando as temperaturas sobem acima dos 10°C torna-se turquesa. Qual é a lógica por detrás disto?
Mudanças de cor…
Existem muitos animais que mudam de cor durante a sua vida. Mas mudar repentinamente e reversivelmente de cor é raro. Alguns lagartos fazem-no, sendo que os mais famosos são os camaleões, os polvos e os chocos também. Em relação aos insectos, o único que apresenta essa capacidade é o gafanhoto camaleão.
Apenas os machos são capazes de mudar de cor e o único estímulo conhecido para tal é a temperatura. A mudança dá-se a partir dos 10°C, sendo que aos 25°C é total. Partes separadas do insecto mudam de cor normalmente, mesmo se forem separadas do resto do corpo, pelo que o processo não pode ser controlado pelo cérebro ou por hormonas. De facto, é controlado pela pele do insecto.
A cada exterior de células contém dois tipos de grânulos, castanhos e transparentes. Quando se encontram misturados, o gafanhoto fica preto. Para ficar turquesa, o gafanhoto separa os dois tipos de grânulos. Os transparentes reflectem luz azul e permitem que outras cores os atravessem, e, por isso, o gafanhoto fica turquesa. O movimento dos grânulos é efectuado através da acção dos microtúbulos do citoesqueleto.
Kung fu gafanhoto…
Então, para que é que serve esta mudança de cor? A explicação standard é que ajuda a regular a temperatura, pois estar preto significa que absorve mais radiação solar e pode, portanto, permanecer activo durante mais tempo à noite, enquanto o turquesa reflecte mais radiação, permitindo a realização de tarefas durante o calor do dia sem sobreaquecer.
Sendo assim, porque é que apenas os machos mudam de cor? As fêmeas também possuem toda a maquinaria necessária para mudarem de cor, mas o melhor que consegue é ficar um pouco esverdeadas ou acastanhadas quando ficam com calor. Além disso, se este mecanismo é assim tão vantajoso, porque é que não há mais insectos com essa capacidade?
Kate Umbers, da Universidade de Camberra, observou com mais detalhe o fenómeno. Verificou que os gafanhotos necessitavam de 38 minutos para passarem de preto a turquesa, mas para o processo inverso precisavam de 6,5 horas. Além disso, constatou também que independentemente da cor que apresentavam, os gafanhotos possuíam uma temperatura interna constante, pelo que a termorregulação poderá não ser o principal factor relacionado com esta mudança de cor.
A resposta está, inevitavelmente, no sexo. Umbers verificou que os machos se tornavam mais agressivos quando estavam turquesa, atacando outros machos. A investigadora acredita que a cor turquesa sinaliza a agressividade e a força física do macho. Machos com tonalidades mais vivas de turquesa possivelmente assustarão os potenciais rivais.

Fonte: New Scientist

E assim começa o EvoluCiência...

Este blogue pretende dar a conhecer com elevada regularidade os avanços científicos efectuados em diversas áreas da Ciência. Pretendo que seja um espaço de comunicação interactiva, em que quem quiser possa contribuir livremente para a divulgação de notícias, informações ou eventos que julguem ser do interesse da comunidade científica.
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